'Sede sempre o olhar de pedro', diz Papa Leão XIV aos Representantes Pontifícios
- Radio Catedral
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Por Raimundo de Lima – Vatican News

'Caríssimos, estou dando os primeiros os neste ministério que o Senhor me confiou. E sinto também por vós o que confiei há alguns dias, falando à Secretaria de Estado, ou seja, gratidão por aqueles que me ajudam a desempenhar o meu serviço no dia a dia. Esta gratidão é ainda maior quando penso – e experimento em primeira mão, ao abordar as diversas questões – que o vosso trabalho muitas vezes me precede! Sim, e isso é especialmente verdadeiro para vós. Porque, quando me deparo com uma situação que diz respeito – por exemplo – à Igreja em um determinado país, posso contar com a documentação, reflexões, os resumos preparados por vós e vossos colaboradores'. Foi o que disse o Papa aos Representantes Pontifícios - 98 núncios apostólicos e 5 observadores permanentes - recebidos por Leão XIV na manhã desta terça-feira (10) na Sala Clementina, no Vaticano, que no dia anterior também participaram do Jubileu da Santa Sé.
O ministério de Pedro é criar relacionamentos, pontes
O Pontífice quis partilhar com os Representantes Pontifícios uma imagem bíblica contida no relato dos Atos dos Apóstolos (3, 1-10) em que Pedro cura um aleijado, episódio que bem descreve o ministério de Pedro. “Pedro, porém, fitando nele os olhos, junto com João, disse-lhe: “Olha para nós!”
O pedido que Pedro faz a este homem nos leva a pensar: “Olha para nós!”. Olhar nos olhos significa construir um relacionamento. O ministério de Pedro é criar relacionamentos, pontes; e um Representante do Papa está, antes de tudo, a serviço deste convite, deste olhar nos olhos. Sede sempre o olhar de Pedro! Sede homens capazes de construir relacionamentos onde é mais difícil. Mas, ao fazer isso, tende a mesma humildade e o mesmo realismo de Pedro, que sabe muito bem que não tem a solução para tudo: "Não tenho ouro nem prata", diz ele; mas também sabe que tem o que conta, isto é, Cristo, o sentido mais profundo de toda existência: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!".
Só o amor é digno de fé, diante dos crucificados de hoje
Dar Cristo - continuou o Santo Padre - significa dar amor, testemunhar aquela caridade que está pronta para tudo. Conto convosco para que, nos países onde viveis, todos saibam que a Igreja está sempre pronta para tudo por amor, que está sempre do lado dos últimos, dos pobres, e que sempre defenderá o direito sacrossanto de crer em Deus, de crer que esta vida não está à mercê dos poderes deste mundo, mas é atravessada por um significado misterioso. Só o amor é digno de fé, diante da dor dos inocentes, dos crucificados de hoje, que muitos de vós conheceis pessoalmente porque servis povos vítimas de guerra, de violência, de injustiça, ou mesmo daquele falso bem-estar que engana e desilude.
Queridos irmãos, que vos console sempre o fato de que o vosso serviço é sub umbra Petri, como encontrareis gravado no anel que recebereis como meu presente. Senti-vos sempre ligados a Pedro, protegidos por Pedro, enviados por Pedro. Somente na obediência e na comunhão efetiva com o Papa, o vosso ministério poderá ser eficaz para a edificação da Igreja, em comunhão com os Bispos locais.
Ser testemunhas corajosas de Cristo, que é nossa esperança
Antes de concluir, Leão XIV exortou-os a ter sempre um olhar bendizente, porque o ministério de Pedro é abençoar, isto é, ser sempre capaz de ver o bem, mesmo o bem escondido, o bem que está em minoria. Exortou-os a se sentirem missionários, enviados pelo Papa para serem instrumentos de comunhão, de unidade, a serviço da dignidade da pessoa humana, promovendo em todos os lugares relacionamentos sinceros e construtivos com as autoridades com as quais serão chamados a cooperar.
Caríssimos, a vossa presença aqui hoje reforça a consciência de que o papel de Pedro é confirmar na fé. Vós sois os primeiros a precisar desta confirmação para vos tornardes seus mensageiros, sinais visíveis em todas as partes do mundo. A Porta Santa, pela qual todos amos juntos ontem de manhã, nos estimule a ser testemunhas corajosas de Cristo, que é sempre nossa esperança.